26.1.11

O caso da Besta


Em 1931, quando o Chico passou a receber as primeiras poesias do “Parnaso de Além-Túmulo”, um cavalheiro de Pedro Leopoldo, muito impressionado com os versos, resolveu apresentar o Médium e os poemas a certo escritor mineiro, de passagem pela cidade.

O filho de João Cândido vestiu a melhor roupa que possuía e, com a pasta de mensagens debaixo do braço, foi ao encontro marcado.

O conterrâneo do Médium, embora católico romano, apresentou o Chico, entusiasmado:

- Este é o médium de quem lhe falei.

O escritor cumprimentou o rapaz e entregou-se à leitura dos versos.

Sonetos de Augusto dos Anjos, poemetos de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus...

Depois de rápida leitura, o literato sentenciou:

- Isso tudo é bobagem.

E mirando o Chico, rematou:

- Este rapaz é uma besta.

- Mas, doutor, - disse, agastado, o conterrâneo do Chico - o rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como Doutrina.

- Pois, então, deve ser uma besta espírita, - declarou o escritor.

Bastante desapontado, o Médium despediu-se.

Em casa, durante a oração, a progenitora apareceu.

- A senhora viu como fui insultado? perguntou o Chico.

E porque Dona Maria se revelasse alheia ao assunto, o filho contou-lhe o caso.

A entidade sorriu e disse:

- Não vejo insulto algum. Creio até que você foi muito hon­rado. Uma besta é um animal de trabalho...

- Mas o homem me apelidou por “besta espírita”.

- Isso não tem importância, - exclamou a mãezinha desen­carnada - imagine-se como sendo uma besta em serviço do Espi­ritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil.

Porque o filho silenciasse, Dona Maria acrescentou:

- Você não acha que é bem assim?

Chico refletiu e respondeu:

- É... pensando bem, é isso mesmo.

E o assunto ficou sem alteração.


Livro: Lindos Casos de Chico Xavier - 23
Ramiro Gama

bjs,soninha


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