17.8.11

Recado



RECADO

A você, meu irmão, antes que parta
Para o jardim que a escória humana aduba
No cultivo da terra fria e farta,
Falo como quem sopra velha tuba.

Andei fazendo prosa, verso e carta,
Esvaziando prato, copo e cuba,
Mas a morte triunfal tudo coarta
No tiro certo com que nos derruba.

De olhar em outro rumo, inda poeto
Atendendo a alegria do improviso
De coração feliz conquanto inquieto.

No incenso a Baco já não me agonizo,
Prossigo além, exótico e discreto,
Mangando embora, mas com regra e siso...


EMÍLIO DE MENEZES


Amigo de Guimarães Passos e Olavo Bilac, Emílio foi uma das figuras mais populares do Rio de Janeiro. Temido poeta satírico, o “Caçados de rimas difíceis”, no dizer de Agrippino Grieco, conquanto eleito, em 1914, somente dias antes de sua desencarnação veio a tomar posse no Petit Trianon, sem as formalidades exigidas pelo Regulamento da Academia. Saliente E. Werneck que “Emílio de Menezes gravou os seus poemas a buril: foi um dos mais extremados na perfeição artística e no lavor da forma cuidada”. (Curitiba, Paraná, 4 de julho de 1866 – Rio de Janeiro, Gb., 6 de junho de 1918).

Bibliografia:Marcha Fúnebre; Poemas da Morte; Poesias; Últimas Rimas.
abçs,

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