13.1.12

Mediunidade: VOZ DIRETA

VOZ DIRETA 

Existe quando os Espíritos comunicantes, ao invés de falarem incorporados em um médium, ou usando de processos telepáticos, já estudados, fazem-no diretamente, através de um aparêlho vocal improvisado no plano invisível. 

Modalidades deste fenômeno são os assobios, o canto etc., e para sua produção, em geral, é utilizada pelos Espíritos a matéria plástica fluídica denominada ectoplasma. 

Quando a quantidade de fluido é suficiente podem falar vários Espíritos ao mesmo tempo e em diversos pontos de aposento no qual se realiza o trabalho e quando ele escasseia os Espíritos são obrigados a falar o mais junto possível do médium de efeitos físicos, doador principal dos fluidos. 

Não temos espaço neste ligeiro trabalho para entrar em análise mais detalhada do assunto e citamos apenas alguns de seus aspectos mais interessantes; mas podemos entretanto, acrescentar que estas manifestações de voz direta apresentam duas modalidades que são:  fenômenos de classe inferior e fenômenos de classe superior, sendo os primeiros aqueles que os Espíritos provocam usando fluidos pesados, obtidos  no próprio ambiente em que, no momento, atuam e os segundos aqueles que exigem purificação e filtragem dos fluidos, combinações com fluidos mais finos, obtidos do reservatório cósmico e com outros elementos operacionais que, no mais das vezes, não estão ao alcance da maioria dos operadores, exigindo por outro lado  médiuns de maior capacidade. (23) 

(23) Desses médiuns citamos por exemplo: Valiantine, cujos trabalhos estão magistralmente descritos por Bradley em sua célebre obra “Rumo às Estrelas”. Edição LAKE — São Paulo.

Em geral, para a obtenção dos fenômenos de efeitos físicos, entre os quais se enquadram os de voz direta, forma-se no plano invisível um grupo de Espíritos que agem em comum, sob a chefia do mais autorizado, com uma mais ou menos perfeita e detalhada distribuição de tarefas. 

Uns, por exemplo, se encarregam de colher os fluidos pesados fornecidos pelo médium e assistentes; outros de misturar e manipular esses fluidos em recipientes apropriados ou moldá-los em suas próprias mãos; outros de isolar o ambiente do trabalho, tanto no plano físico como no etéreo, estabelecendo cordões vibratórios de segurança às vezes a distâncias apreciáveis; outros de ligar entre si fluidicamente os assistentes encarnados, para estabelecer a necessária corrente magnética; outros de produzir fenômenos diversos como levitações (de pessoas ou coisas), transportes, etc.; outros de purificar o ambiente e higienizá-lo segundo as necessidades vibratórias do trabalho a produzir; outros, enfim, de produzir pancadas, etc.

Nas manifestações de voz direta, de que estamos tratando, surge ainda o trabalho mais delicado de preparar a máscara ou a garganta fluídica, conforme o caso, para a emissão dos sons. 

Vejamos como o Espírito já citado, André Luiz, descreve uma manipulação deste gênero: 

— “André, falou o meu orientador em tom grave, improvisemos a garganta ectoplásmica. Não podemos perder tempo 

“E identificando-me a inexperiência acrescentou: 

Não precisa inquietar-se. Bastará ajudar-me na mentalização das minúcias anatômicas do aparelho vocal. A força nervosa do médium é matéria plástica e profundamente sensível às nossas criações mentais. 

“Logo após Alexandre tomou pequena quantidade daqueles eflúvios leitosos, que se exteriorizavam, particularmente através da boca, narinas e ouvidos do aparelho mediúníco, e como se guardasse  nas mãos reduzida quantidade de gesso fluído começou a manipulá-lo, dando-me a impressão de estar completamente alheio ao ambiente. pensando com absoluto domínio de si mesmo, sobre a criação do momento. 

“Aos poucos vi formar-se, sob meus olhos atônitos, um delicado aparelho de fonação. No intimo do esqueleto cartilaginoso, esculturado com perfeição na matéria ectoplasmática, organizavam-se os fios tenuíssimos das cordas vocais, elásticas e completas, na fenda glótica e, em seguida Alexandre experimentou emitir alguns sons, movimentando as cartilagens aritenóides. 

“Formara-se, ao influxo mental e sob a ação técnica de meu orientador, uma garganta irrepreensível. 

“Com assombro verifiquei que, através do pequeno aparelho improvisado e com a cooperação do som de vozes humanas guardadas na sala, nossa voz era integralmente percebida por todos os encarnados presentes”. (24) 

(24) “Missionários da Luz” — André Luiz.

Mas há também, como dissemos, manipulação com filtragem do fluído pesado, cujo processo é o seguinte: recolhido esse  fluído (cuja origem é o médium e os assistentes encarnados) em cubas, tigelas ou recipientes outros, é ele misturado então com fluidos mais finos, obtidos em esferas mais elevadas e em seguida depositado em um recipiente, em geral  cilíndrico, ao qual é imprimido então, por processos especiais, intenso movimento rotatório circular, para efeito de centrifugação, da qual resulta, por fim, um material fluídico, semipastoso, suficientemente condensado e manipulável à mão. 

Com essa substância, segundo o caso, os Espíritos constroem então uma máscara da parte inferior do próprio rosto, revestindo também com a mesma substância, seus próprios órgãos de fonação perispiritual.  
Estabelecem em seguida uma ligação fluídica desse conjunto semi-materializado com os órgãos de fonação do médium e passam em seguida, a emitir os sons e as palavras desejadas que transitando pelo fio de ligação agem sobre as cordas vocais do médium que, então, vibram correspondentemente reproduzindo esses sons e palavras. 

Quando há bastante fluído podem falar vários Espíritos simultaneamente, sendo então construidas várias máscaras e casos há de materializações mais avançadas em que os Espíritos falam diretamente, sem ligação com os médiuns. 

A mesma substância manipulada permite aos Espíritos atuarem sobre os megafones, que são usados para ampliação sonora. Quando há fluído suficiente os sons e vozes são claros, fortes e a manifestação dura por mais tempo; quando o fluído escasseia tudo diminui de intensidade, de volume, de clareza e de extensão.  
O mesmo sucede com o megafone que é ágil, vibrante, no primeiro caso e dificilmente pode ser movimentado no segundo, sendo de notar, entretanto, que seu uso não é indispensável, como é claro, para a produção dos fenômenos. 

* * * 

Abrimos agora um parênteses para dizer que os efeitos físicos tanto se podem dar no campo da matéria densa, como no da  rarefeita, sendo os primeiros de natureza concreta, direta e objetiva, como por exemplo a maioria dos fenômenos que acabamos de relacionar; ao passo que os segundos são de natureza subjetiva, de constatação indireta e de classificação correlativa como se dá com os que em seguida passamos a descrever. 
Livro:Mediunidade
Autor: Edgard Armond

Paz...muita paz!

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