28.1.15

Desenvolvimento Mediúnico


Há uma corrente de pensadores espíritas que faz restrições ao trabalho de desenvolvimento mediúnico. Acham que a mediunidade deve ficar entregue a si mesma, para manifestar-se quando for hora, não devendo o médium sujeitar-se a qualquer esforço, regras ou métodos, tendentes a regular essa manifestação. 

Discordamos em parte. 

Se é verdade que não se pode forçar a eclosão de faculdades porque isso depende de amadurecimento espontâneo e oportuno, não é menos certo que se pode e se deve aperfeiçoar e disciplinar tais dotes para se obterem resultados mais favoráveis. 

Aqui calha o preceito: “ao que não tem, pouco ou nada se pode dar, mas ao que tem muito se pode acrescentar”. 

Um curso dágua entregue a si mesmo pode se perder na planície, fazendo voltas inúteis, se estagnando e provocando malefícios mas, devidamente canalizado, vai diretamente à foz e em muito menos tempo. 

No caso da mediunidade o que se procura é justamente canalizar a corrente, discipliná-la, para que haja maior harmonia no curso; afastar os obstáculos para que flua com mais desembaraço e rapidez. 

À falta de tais cuidados é que o mundo está cheio de médiuns obsidiados, fracassados, ou, na melhor das hipóteses, estagnados. 

Por isso somos pelo desenvolvimento metódico, regrado, bem conduzido. 

André Luiz em seu livro já citado, no capítulo das possessões, falando de um caso de epilepsia, confirma completamente o que recomendamos desde 1947 na 1ª edição desta obra, sobre a necessidade dos tratamentos prévios, dos reequilíbrio orgânico e psíquico e do reajuste moral antes de se iniciar o desenvolvimento mediúnico propriamente dito de ‘faculdades. 

Diz ele: “Desenvolver, em boa sinonímia quer dizer “retirar do invólucro”, “fazer progredir” ou “produzir”. Assim compreendendo, é razoável que Pedro, antes de tudo, desenvolva recursos pessoais no próprio reajuste. Não se constroem paredes sólidas em bases inseguras. Necessitará, portanto, curar-se. Depois disso, então.. 

Mais adiante: “Sobrevirá, então, um aperfeiçoamento de individualidades, a fim de que a fonte mediúnica surja mais tarde, tão cristalina quanto desejamos. Salutares e renovadores pensamentos assimilados pela dupla de sofredores em foco, expressam melhorias e recuperação para ambos, porque, na imantação recíproca em que se vêem, as idéias de um reagem sobre o outro, determinando alterações radicais.” 

Passado pois o período preparatório; obedecidas todas as recomendações já expostas; estando o médium mais ou menos equilibrado física e psiquicamente; possuindo já, sobre si mesmo e sobre o ambiente que lhe for próprio, relativo domínio: e. principalmente, apresentando-se o campo mediúnico em condições favoráveis de influenciação, poderão então ser iniciados os trabalhos do desenvolvimento propriamente dito. 

Colocado na corrente o médium sentirá, desde os primeiros contactos, as influências ambientes, que tanto podem provir do magnético humano da base, como serem impressões telepáticas dos presentes, fluidos pesados de Espíritos inferiores que aproximem, radiações longínquas de Espíritos evoluídos, impressões de seu próprio sub-consciente, como atuações, enfim, diversas e complexas, de outras forças e entidades astrais. 

Ao toque dessas influências entrará ele imediatamente em um estado de tensão emotiva, mais ou menos intensa e mais ou menos consciente, segundo o grau de sua própria sensibilidade, da natureza das faculdades que possuir e, sobretudo, segundo a afinidade que demonstrar para umas ou outras. 

Conforme a natureza ou grau dessas influências poderá ele ser por elas mais ou menos dominado, reagindo de maneiras muito variáveis, havendo casos em que o médium, nestes primeiros embates, se deixa dominar completamente, descontrolando-se, ou amedrontando-se. 

Por isso uma das principais e mais urgentes necessidades é impedir que tal aconteça, de forma arbitrária, criando-se desde logo, no espírito do médium a ideia de que não deve ser escravo mas senhor dessas forças, regular o ato da passividade, disciplinar suas emoções e só entregar-se passivamente quando tiver adquirido confiança em si mesmo e no ambiente em que se acha. 

Deve-se-lhe proibir sujeitar-se cegamente, num grau todavia que não represente impedimento às próprias manifestações, porque em tal caso estaria dificultando, como é lógico, a espontaneidade e o curso natural do desenvolvimento.

Livro: Mediunidade
Autor: Edgard Armond


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