20.11.10

OS DOIS ALFORJES



As mentiras que mais nos causam danos e nos impedem o crescimento espiritual não são tanto as que verbalizamos, mas as que contamos inconscientemente para nós, aquelas que projetamos. - Hammed

"OS DOIS ALFORJES"

Um dia, Júpiter convocou todos os animais para comparecerem diante dele, a fim de que, comparando-se com os outros, cada animal reconhecesse o próprio defeito ou a própria limitação. Assim, Júpiter poderia corrigir as imperfeições.

E os animais, um a um, elogiavam a si próprios, gabavam-se de suas qualidades e só relatavam os defeitos alheios. O macaco, ao ser questionado se estava feliz com seu aspecto, respondeu:

_ Mas claro que sim! Cabeça, tronco e membros, eu os tenho perfeitos. Em mim, praticamente, não acho defeitos. É pena que nem todo o mundo seja assim ... - Os ursos, por exemplo, que deselegantes!

O urso veio em seguida, mas não se queixou de seu aspecto físico, até se gabou de seu porte. Fez críticas aos elefantes: orelhas demasiadamente grandes; caudas insignificantes. Animais grandalhões, sem graça e sem beleza.

Já o elefante pensa o oposto e se acha encantador; porém, a natureza exagerou, para o seu gosto, quanto à gordura da baleia.

A formiga, ao falar da larva, franze o rosto: - Que pequenez mais triste e feia!

Assim são os homens. É como se lhes tivessem colocado dois alforjes (duplo saco, ligado por uma faixa no meio (por onde se dobra), formando duas bolsas iguais; usado ao ombro ou no lombo nos animais, de forma que um lado fique oposto ao outro): no peito, o alforje com os males alheios, e nas costas, o - alforje com os próprios males. De tal modo que eles são cegos quanto aos próprios defeitos, mas enxergam com nitidez os defeitos dos outros.

MORAL DA HISTÓRIA:

Sempre que distinguimos alguma coisa fora de nós e a reprovamos em demasia como sendo perniciosa, perigosa, pervertida, imoral, e assim por diante, é provavel que ela represente conteúdos existentes em nós mesmos, sem que os reconheçamos como possíveis características nossas. A ameaça é tratada como se fosse uma força externa, e não interna. Se afirmarmos categoricamente "todos são desonestos", estamos, na verdade, tentando projetar nos outros nossas próprias tendências. Ou então, ao dizermos "tudo gira em torno de uma só coisa: sexo", podemos estar direcionando nossa disposição interna nas demais criaturas, por estarmos pessoalmente insatisfeitos. Muitas vezes dizemos "é inexplicável como aquela pessoa não gosta de mim", quando, na realidade, somos nós que não gostamos dela, sem nos darmos conta.

REFLEXÕES SOBRE ESTA FÁBULA E O EVANGELHO

"Um dos defeitos da Humanidade é ver o mal de outrem antes de ver o que está em nós. Para se julgar a si mesmo, seria preciso poder se olhar num espelho, transportar-se, de alguma sorte, para fora de si e se considerar como uma outra pessoa, em se perguntando: Que pensaria eu se visse alguém fazendo o que faço?" (ESE, cap. X, item 10, Boa Nova Editora)

"Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão." (Mateus, 7:5.)

"DEPLORAMOS COM FACILIDADE OS DEFEITOS ALHEIOS, MAS RARAMENTE NOS SERVIMOS DELES PARA CORRIGIR OS NOSSOS."

LA ROCHEFOUCAULD

HAMMED

bjs,soninha


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