9.7.12

MÉDIUNS:DOS FRACASSOS E DAS QUEDAS

 
Os Fracassos  
Das cidades, colônias e demais núcleos espirituais  do Espaço constantemente partem, com destino à Terra, trabalhadores que pediram ou receberam, como dádivas do Alto, tarefas de serviço ou de resgate, no campo nobilitante da mediunidade. 

Um complexo e delicado trabalho preparatório é realizado ‘pelos protetores espirituais para oferecer-lhes aqui condições favoráveis à execução das tarefas ajustadas: corpo físico, ambiente doméstico, meio social, recursos materiais etc., e isso além dos exaustivos esforços que envidam para o desenvolvimento regular do processo da encarnação propriamente dita: (defesa, formação do feto, etc.). 

Dado porém o nascimento, transcorrida a infância e a juventude quando, enfim, soam no seu íntimo e ao seu redor, os primeiros chamamentos para o trabalho edificante, eis que, muitas vezes, ou quase sempre, a trama do mundo já os envolveu de tal forma que se tomam surdos e cegos, rebeldes ao convite, negligentes ao compromisso, negativos para o esfôrço redentor. 

Deixam-se dominar pelas tentações da matéria grosseira, aferram-se ao que é transitório e enganoso e, na maioria dos casos, somente ao guante da dor e a poder de insistentes interferências punitivas, volvem seus passos, relutantemente, para o caminho sacrificial do testemunho. 

Não consideram, desde logo, que ninguém desce a um mundo de expiação como este para usufruir repouso ou bem-estar, mas sim e unicamente para lutar pela própria redenção, vencendo os obstáculos inumeráveis que a cada passo surgem, ‘vindos de muitas direções. 

Os dirigentes das instituições assistenciais ou educativas do Espaço têm constatado como regra geral que poucos, muito poucos médiuns triunfam nas tarefas e que a maioria fracassa lamentavelmente, apesar do auxílio e da assistência constantes que recebem dos planos invisíveis; e esclarecem também que a causas gerais desses fracassos são: a ausência da noção de responsabilidade própria e a falta de recordação dos compromissos assumidos antes da reencarnação. 

Ora, se o esquecimento do passado é uma contingência, porém necessária, da vida encarnada de todos os homens, ela não é, todavia, absoluta, mormente em relação aos médiuns, porque os protetores, constantemente e com desvelada insistência, lhes fazem advertências nesse sentido, relembrando seus deveres; muito antes que  o momento do testemunho chegue, já êles estão advertindo por mil modos, desenvolvendo no médium em perspectiva, noções bem claras de sua responsabilidade pessoal e funcional. 

Por isso, das causas apontadas acima, somente julgamos ponderável a falta de noção de responsabilidade porque, se essa  noção existisse, os médiuns desde logo se dedicariam à tarefa, devotadamente. Isso, é lógico, tratando-se de médiuns estudiosos, que se preocupam com a obtenção de conhecimentos doutrinários porque, para os demais, à irresponsabilidade acresce a ignorância e a má vontade. 

E essa noção de irresponsabilidade é tão ampla que  muitos médiuns, mormente aqueles que o orgulho pessoal ou as ambições do mundo dominam, maldizem a posse das faculdades que possuem, como se fossem estorvos; e outros, há, menos radicais mas não menos desorientados, que lastimam não serem inconscientes, para poderem então exercê-las à revelia de si mesmos. 

Quão poucos, os esclarecidos e lúcidos, que se prosternam e, humildemente, clamam: Bendito sejas, ó Senhor, que me haveis concedido tão excelente e poderosa ferramenta de serviço redentor! Graças Senhor, por me haverdes separado para o trabalho da tua vinha. 

AS QUEDAS 

As quedas são mais comuns nos degraus inferiores da escada evolutiva e tanto mais dolorosas e profundas se tornam quanto maior for o cabedal próprio de conhecimentos espirituais adquiridos pelo Espírito. 

“Estado de evolução” e “estado” de queda” são duas condições de caráter geral, em que se encontram os Espíritos nas fases inferiores da ascese. 

Essas são as condições que dominam no umbral que, como sabemos, é uma esfera de vida purgatorial, bem como nos planos que lhe são, até um certo ponto, e de um certo modo, imediatamente acima. Quando porém as quedas se acentuam devido a reincidências de transgressões, elas levam os culposos às Trevas, esfera mais profunda, de provas mais acerbas, situada abaixo da Crosta. 

Entretanto em qualquer tempo ou situação o Espírito culposo pode retomar a evolução, voltando à ascese, desde que reconsidere, arrependa-se e se disponha ao esfôrço reabilitador. 

A misericórdia divina cobre a multidão dos pecados  e dá ao pecador incessantes e renovadas
oportunidades de redenção. A redenção, pois, não é um acontecimento extraordinário, um ato de “juízo final” mas sim a manifestação da misericórdia de Deus em muitas oportunidades, no transcurso do esforço evolutivo. 

Mas, perguntarão: o fracasso, na tarefa mediúnica, não sendo reincidente, lança o médium primário no estado de queda? 

Não, desde que este, no exercício das faculdades próprias, não tenha cometido crimes contra o Espírito. Esse fracasso primário traz ao médium uma parada na ascese evolutiva; fica ele em suspensão, aguardando nova oportunidade, temporariamente inativo, dependendo de nova tarefa redentora, que lhe será ou não concedida conforme as circunstâncias do fracasso: negligência, vaidade cupidez etc. 

Mas lançá-lo-á na queda se praticou o mal conscientemente; se permitiu que suas faculdades fossem utilizadas pelos representantes das fôrças do mal; se orientou seu próximo por maus caminhos, lhe destruiu no espírito a semente redentora da Fé, ou lhe perverteu os sentimentos fazendo-o regredir à animalidade; enfim se deturpou a Verdade e lançou seu próximo ou a si mesmo no caminho do erro e da iniquidade. 

Há uma lei invariável que preside a este assunto: quando o médium se dedica à tarefa em comunhão com os Espíritos do bem, está em estado de evolução; quando, ao contrário, a despreza ou, por  mau procedimento, dá causa ao afastamento desses Espíritos, cai então sob a influência dos Espíritos do mal e entra em estado de queda. 

A esse respeito diz André Luiz: “No campo da vida espiritual, cada serviço nobre recebe o salário que lhe diz respeito e cada aventura menos digna tem o preço que lhe corresponde.” 

E prossegue: 

“Mediação entre dois planos diferentes sem elevação de nível moral é estagnação na inutilidade”. 

“O Pensamento é tão significativo na mediunidade, quanto o leito é importante para o rio”. 

“Ponde águas puras sobre um leito de lama pútrida e não tereis senão a escura corrente da viciação.” 

E mais: “Jesus espera a formação de mensageiros humanos capazes de projetar no mundo as maravilhas do seu Reino”. 
Livro: Mediunidade
Autor: Edgard Armond

Paz a todos...

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