12.6.13

O “Espírita Mineiro” acompanha Arnaldo Rocha em visita a Pedro Leopoldo

Arnaldo Rocha

Tendo sido gentilmente convidada a União Espírita Mineira se fez presente na primeira “Semana Espírita Chico Xavier”, organizada pela Aliança Municipal Espírita em parceria com a Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo, que objetivou oferecer um preito de amor e gratidão ao lídimo representante da Doutrina Espírita, seu filho ilustre Francisco Cândido Xavier, “O Mineiro do Século”.

Dentre os representantes da UEM, destaca-se a presença de sua Diretoria e da figura singular de seu membro e conselheiro Arnaldo Rocha, o amigo íntimo de Chico Xavier, que realizou uma visita inesquecível a saudosa Pedro Leopoldo.

Através de encontros fraternos com os velhos amigos, o passado aflorou em memória, e a equipe do Espírita Mineiro brinda ao leitor amigo registrando esses singelos momentos, através de uma entrevista.

EM . Arnaldo como é a emoção e retornar a Pedro Leopoldo, berço da simplicidade da família de Chico Xavier?

AR. É muito grande. A primeira vez que vim a P.Leopoldo foi a convite de Chico Xavier. Recordo-me, como se fosse hoje, quando descemos na estação de trem em um fim de tarde de outono. O céu estava claro e os raios dourados do sol emolduravam as nuvens poetizando assim um belo por do sol. Voltei para a nossa Alma Querida e disse: “As nuvens tomam o formato do nosso campo mental. Ao meu ver, parece uma coroa”. Em seguida olhei nos olhos de Chico, que observando a tela majestosa, completou o meu pensamento com uma pequena frase que só mais tarde compreenderia: “É a coroa da vida.”Quando chegamos, mais tarde, na casa de Chico, fiquei impressionado com a recepção carinhosa e fraterna de seus familiares, especialmente naquele dia, suas irmãs Dora, Cidália e Lucilia, estavam eufóricas. Tomamos leite queimado na panela, onde fora feito anteriormente o famoso angu. Comemos ainda bolo de fubá e pão de queijo, comida típica em Minas Gerais. A noite, quando fomos passear pelas ruas da cidade, Chico confidenciou uma passagem que não havia ainda relatado: “Naldinho, não repare não. Essa alegria contagiante é fruto de um passado distante. Pelo menos em duas ocasiões, você foi pai de minhas atuais irmãs. Os Benfeitores espirituais se reportam ao século XVI e XIX, em um país penissular. É a Coroa da Vida, meu filho, que nos reúne sempre sob o império do amor.”

EM: No momento em que você chegou de frente ao Luiz Gonzaga, percebemos lágrimas deslizarem por sobre sua face. Você poderia brindar-nos com mais uma história?

AR. As construções e as pessoas induzem a reminiscências de muito valor para o meu pequeno coração. Olhar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, me fez recordar a princípio de dois diletos amigos, Rômulo Joviano, antigo patrão de Chico e de seu cunhado Lindolfo Ferreira. Quando estávamos construindo a nova sede, um determinado dia, eu e Chico nos deparamos com uma discussão acalorada entre os dois confrades. Quando eles perceberam a presença de Chico, ficaram envergonhados e cessaram o embate. Nesse instante, Chico lhes disse fraternalmente: “A discussão não é para destruir. Pelo contrário, deverá ser para construir o templo da fé.” Posteriormente Chico me confidenciou: “Eles estão revivendo os tristes momentos da invasão de Tito em Jerusalém, quando os soldados romanos destruíram o grande templo do judeus.Rômulo, fora o senador Pompilo Crasso, amigo de Publios Lentulos, e Lindolfo, o judeu André de Giorias. Essa história, completou Chico, está narrada por Emmanuel no livro Há Dois Mil Anos.”

Nessa casa abençoada, vivemos instantes marcantes de nossa atual encarnação. Foi ali que presenciei as inesquecíveis reuniões de materializações luminosas. Conversamos com o Alferes Xavier, Tiradentes. Abraçamos minha ex-esposa Meimei. Vislumbramos o Espírito de José Grosso sair da parede e responder uma inesquecível pergunta: “Jose Grosso com foi isso?” “Sei lá. Emmanuel mandou e eu fiz.” A fantástica materialização de Emmanuel. Nesse episódio gosto de citar um ponto científico da manifestação espiritual. Chico era baixo e no momento do transe, uma luz começa a projetar o vulto luminoso de dois metros de altura, corpo atlético. Um homem bonito, voz enérgica e doce. Portava uma tocha incandescente a mão. Foi nesse dia que o Senador, proibiu os fenômenos, pois o compromisso do médium era com o livro. Vocês não imaginam como Chico ficava desgastado. Sua roupa ficava ensopada e sua fisionomia era de uma palidez cadavérica.Cheguei a ombrear os passos de Chico até sua casa, tamanho o cansaço.

EM – Arnaldo Rocha, qual era a postura do médium, após os acontecimentos transcendentais através da sua mediunidade evangelizadora?

AR. O que mais impressionava em Chico, não era propriamente o fenômeno, rico em qualidade e autenticidade científica, mas a sua simplicidade e naturalidade no trato com o mundo espiritual.

Citarei uma situação muito especial, vivida por sua família e que eu fui testemunha. Foi o desencarne de sua irmã Neuza. Um mês antes da sua partida, Chico reuniu os irmãos e narrou seu encontro no plano espiritual com Maria João de Deus, sua mãe, e Dona Cidália, sua madrasta. Elas afirmaram que alguém da família iria desencarnar. Foi um espanto geral, pois ninguém estava doente. Alguns dias passaram, ninguém lembrando do aviso, Chico pediu que as irmãs convidassem Neuza, residente na cidade de Sete Lagoas, para um passeio em Pedro Leopoldo. Atendendo o convite, para surpresa dos irmãos, semana seguinte Neuza ficou enferma. Muitas dificuldades sucederam nas semanas seguintes, até a noite que antecedeu o desencarne e que para mim ficará gravada para sempre. Chico reuniu em torno da cama, eu, Lucilia e seu marido Pacheco, para ministrar o passe magnético. Logo que fizemos a prece, a luz foi apagada. Em seguida, senti objetos suaves e úmidos caírem sobre os meus braços. Achei estranho, mas continuei em prece e no passe. Ao termino, a luz foi acesa e o susto foi enorme. Todo o quarto estava repleto de pétalas de rosas de variadas cores. O mais interessante era que todas as pétalas estavam envolvidas pelo orvalho da noite. Lembro-me, ainda, de Neuza dizendo, com lágrimas nos olhos: “Eu vi as flores caindo da luz centrada no teto”.

Todos nós procuramos Chico, em busca de explicações, e ele como sempre fazia, se esquivou dizendo “Agradeçamos o amor de Deus, pois não merecemos tantos presentes.”

Na manhã seguinte nossa companheira partiu para o reino das rosas nos céus.

Após tantos anos eu ainda me pergunto: “Como ele deve ter sofrido! A dor mais doída de Chico sempre foi dor do próximo, e ele estava diante do sofrimento pela partida da sua irmã Neuza. Além disso, foi o instrumento para preparar seus familiares, respeitando o momento de cada um sem causar impactos.

Amigos, o que possa salientar depois de tantos anos de reflexão, é que a alma cândida de Chico estava sempre acima do médium Francisco Cândido Xavier, diga-se de passagem, que foi fiel instrumento dos Espíritos.

Ele foi uma mãe para suas irmãs, na falta de Cidália Batista. Era confidente, orientador e colo nos momentos de aflição. Foi o filho da ternura de seu pai. Esteve presente também na alegria em família. Amigo dos homens e irmão dos que sofrem. Este foi e será sempre o amigo que modificou o meu errante coração.

EM – Arnaldo Rocha, ao longo do trabalho mediúnico de Chico Xavier, foram escritos muitas obras sobre a sua vida. Por se ele um fenômeno inquestionável, muitos trabalhos por certo ainda serão realizados. O que você gostaria de orientar os trabalhos que poderão vir a serem desenvolvidos?

AR: Como tenho exposto ao longo da minha atual jornada terrena, depois de ter conhecido a Doutrina Espírita, através da nossa alma querida, é que não me sinto em condições de orientar a ninguém, a não ser dignificar a minha vida através da vivência do Evangelho de Jesus.

Como a misericórdia de Deus, me ofereceu a oportunidade de viver na intimidade de Chico, na era luz de Pedro Leopoldo, junto ao grupo de Amigos, no qual se destacava o carinho e a união, lanço uma lição advinda do amor e da energia de Chico Xavier.

Assistia uma reunião na qual Chico psicografava em Uberaba, e durante a mesma, um companheiro de ideal, responsável pela explanação do Evangelho, utilizou do espaço para enaltecer o médium de Pedro Leopoldo. Durante todo o tempo ele foi tão brilhante na mitificação de Chico, que levou o público às lágrimas. Enquanto o fato se desenrolava, observei que o médium, em seu trabalho, passava maus momentos. Lápis quebravam, papeis eram rasgados pela celeridade da psicografia. Ao terminar os trabalhos da noite, registrei a seguinte cena, a distancia, Chico discretamente entrou em uma sala contígua com o expositor da noite. Após alguns minutos, os dois saíram, enquanto Chico veio concluir o trabalho através das suas conhecidas despedidas calorosas o companheiro se retirou cabisbaixo.

Retornando a sós com Chico para sua casa, onde havia me hospedado, logo questionei: “Meu filho, você me conhece, e sabe que não passo em branco, o que aconteceu? Resposta, direta, demonstrando certa tristeza na alma. “Naldinho, são tantos anos de trabalho que não precisamos dizer muito, não é? Não posso admitir que fiquem exaltando uma condição que não atingi e. você conhece bem minha jornada pregressa. Além do mais, missa de corpo presente machuca o coração. Olha, eu ainda não desencarnei. Imagine só, depois que eu partir? Enquanto falam de um tal de Chico, deixam de falar em Jesus Cristo. Por isso, Allan Kardec deve ser estudado por nós espíritas cotidianamente. Ele deixou claro, na Codificação, tudo o que precisamos realizar para que o Nosso Senhor Jesus Cristo seja vivenciado em Espírito e Verdade.

Jamais esquecerei esse ensinamento.

É maravilhosa a obra legada por Chico, principalmente por ter ele vivido em plenitude a essência de tudo que foi instrumento na atual romagem. Um dia, no momento certo, poderemos contar os registros que jazem guardados nos escombros do tempo.

Por agora, o caminho é não divinizá-lo. Procurar todos nós, compreender as suas lutas. Aproximar de seus sonhos, vivenciando as obras legadas pelos Espíritos, de caridade, de respeito, e de consciência cristã.

É imprescindível deixar a paixão e as polêmicas e nos unirmos, todos, nos aspectos humanizados de Chico Xavier. Lembrando que foi essa a essência que ele procurou expressar na energia e na candura dos seus atos.

Quando sua segunda mãe, Cidália, estava partindo para o plano espiritual, chamou seu querido filho e lhe disse: “Chico, estou indo embora, para o mundo que tanto ensinastes ao meu pobre coração. Peço a você que assuma o meu devotado papel, sê a mãe de seus irmãos.”

Esse mandato ele levou até o fim.

Devemos viver a vida com humildade, simplicidade e dignidade, respeitando a condição evolutiva do semelhante e amando-nos uns aos outros como Jesus nos tem amado, e prestar a atenção no mandato que foi depositado em nossas mãos.

Assim seremos ovelhas reunidas por um só pastor.

Despretensiosamente endereço essas narrativas, como um preito de amor a Francisco Candido Xavier, para todos aqueles que venham falar e escrever sobre, nossa alma querida.

Lembremos de Chico Xavier como uma alma cândida, que jamais aceitou qualquer elogio, apenas reconhecimento e amizade.

Por isso ele repetiu uma frase em vários momentos em que fora homenageado:

“Sou igual a um cabide que tem a única função de carregar os prêmios, pois eles estão sendo entregues a Doutrina Espírita e aos seus Lídimos representantes do Mundo Espiritual”.

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