22.6.11

A TI QUE ME OUVES


Como o dia ao findar, o decesso não trunca
O poder do ideal e a corrente da vida...
Nem ancinho a morder, nem mão em garra adunca...
A morte? Apenas sonho embalando a partida...


Se o caminho em que vais é trilha que se junca
De farpas, lama e fel, sem clareira ou saída,
Sê compaixão sòmente e não sentirás nunca
A sombra da tristeza ou a esperança perdida.


Se a agonia envenena o pranto de teus olhos,
Qual rocio letal no lodo que te banha,
Não te fira a visão de tremedais e abrolhos.


O amor é como o sol ante o charco profundo...
Amando, entenderás que a dor mais rude e estranha
É sempre a Lei de Deus que se move no mundo...


Alceu de Freitas Wamosy*

Livro: “Antologia dos Imortais”
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


(*) Poeta e jornalista, AW trabalhou ativamente na imprensa, principalmente depois que fixou residência em Livramento, tendo sido diretor de O Republicano. Patrono da cadeira n 40, na Academia Sul-Riograndense de Letras. Sua poesia é essencialmente subjetiva, com impressões de vida interior. Prefaciando-lhe a obra póstuma Poesias, Mansueto Bernardi afirmou : «Alma de eleição, um dos mais finos temperamentos artísticos do Rio Grande, uma das belas vazes da poesia, no Brasil. » E mais adiante, observava : «Ao mesmo tempo que o pensamento do amor, o pensamento da morte o acompanha sempre. (...) Foram eles, por assim dizer, o amor e a morte, assim como a luz e a sombra dos seus olhos, o mel e a cicuta dos seus lábios, a sístole e a diástole do seu coração.» (Uruguaiana, Rio Grande do Sul, 14 de Fevereiro de 1895 – Livramento, Rio Grande do Sul, 13 de Setembro de 1923.)

BIBLIOGRAFIA: Na Terra Virgem; Coroa de Sonhos; etc.

abçs,soninha

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