29.9.11

Mediunidade: SONO e SONHO

SONO E SONHO 

Neste capitulo das faculdades de lucidez cabe um ligeiro estudo sôbre os sonhos, interessante fenômeno espiritual, tão comum e ao mesmo tempo tão  pouco conhecido. 


O sono, para o corpo físico, é uma morte de todos os dias, aparente e  incompleta, durante a qual ele não perde sua integridade, cessando somente a atividade dos órgãos de relação com o mundo exterior; mas, em compensação, para o Espírito, o sono abre as portas do sonho, frestas mais ou menos amplas para a visão das estranhas cenas do mundo estranho do Além, suas paisagens de coloridos bizarros, suas luzes intensas e maravilhosas, seus misteriosos habitantes. 
O sono em si mesmo, é um fenômeno físico e está aqui incluído unicamente como um estado de transição para o sonho – que é o fenômeno de lucidez.
O SONO

Tudo no mundo dorme, seres e coisas, pelo menos aparentemente. Um terço de nossa vida, no mínimo, passamos a dormir.
Enquanto é dia e sob a influência do Sol, cuja luz  destrói as emanações fluídicas maléficas, predomina o dinamismo das fôrças materiais, regidas pela inteligência; mas quando o Sol se vai e cai a noite, passam a imperar as fôrças  negativas da astralidade inferior e o corpo humano adormece, então, sob seu domínio. 


Para uns o sono advém de uma congestão cerebral (hiperemia dos vasos sanguíneos do cérebro). 

Para outros, justamente o contrário: ocorre uma anemia cerebral (isquemia dos mesmos vasos) o que quer dizer que no sono os vasos se dilatam e  esgotam o sangue do cérebro. 

Ao lado destas há a teoria dos neurônios, células nervosas cujos prolongamentos durante o sono se retraem, interrompendo a passagem da corrente vital, que restabelecem ao despertar, distendendo os referidos 
prolongamentos e pondo-os de novo em contacto. 

Pode também o sono resultar de uma asfixia periódica do cérebro e, para o velho Aristóteles, advém da ação das ptomaínas existentes nos resíduos digestivos. 

Em contraposição há outros que afirmam que, justamente, dormimos para nos desintoxicarmos, sendo assim o sono uma função defensiva do organismo. 


Enfim e para não alongar esta exposição citamos Marin, segundo o qual o sono é um aspecto da lei de alternativa em virtude da qual à atividade segue o repouso, como a noite, ao dia e como a morte à vida. E isso concorda com a “Lei do Ritmo”, da filosofia egípcia, exposta admiravelmente na obra iniciática “Kaibalion”, segundo a qual a vida se manifesta por atividade incessante, que obedece a um ritmo invariável e cuja compensação é  o repouso. Aplicada ao corpo humano a teoria quer dizer que o organismo físico, na vigília, gasta energias que recupera no repouso do sono. 

Ultimamente a ciência descobriu que no momento do sono ocorre uma inversão de origem das ondas cerebrais, do cérebro posterior para o anterior. 

Mas, como se dá o sono? 

Com o abandono provisório do corpo pelo Espírito, da mesma forma como na morte, quando o abandono é definitivo. 
O SONHO 

As teorias científicas sobre o sonho são também diversas. Para Freud os sonhos se originam de desejos reprimidos: não podendo o homem satisfazê-los na vida normal, se esforça por vivê-los quando dorme. 

Para Maurí os sonhos resultam de automatísmos psicológicos; de cerebrações inconscientes ou de associações de idéias que, como é natural, originam imagens mentais.

Segundo Saint-Denis no sonho há o desenvolvimento natural e espontâneo de uma série de reminiscências. Delboeuf admite -a conservação indefinida de impressões que Richet batizou com o nome de pantomnésia (reminiscência universal). 


Conan Doyle admite somente duas espécies de sonhos: os resultantes de experiências feitas pelo Espírito livre e as provenientes da ação confusa das faculdades inferiores, que permanecem no corpo quando o Espírito se ausenta. Flamarion, Rosso de Luna, Dunne, Lombroso, Maeterlinck e muitos outros estudaram também o fenômeno e deixaram sôbre êle interessantes mas não conclusivas teorias. 
 * * * 
Podemos, entretanto, classificar os sonhos em duas categorias: sonhos do sub-consciente e sonhos reais 

SONHOS DO SUB-CONSCIENTE 

São reproduções de pensamentos, idéias e impressões que afetam nossa mente na vigília; fatos comuns da vida normal, que  se registram nos escaninhos da memória e que, durante o sono, continuam a preocupar o Espírito, com maior ou menor intensidade esses elementos, subindo do subconsciente, uns puxam os outros,se se pode assim dizer, e formam verdadeiros enredos, com reminiscências presentes e passadas, tornando tais sonhos quase sempre de difícil compreensão, justamente por serem confusos, complexos, extravagantes. 

Nesse sonhos subconscientes entram também outros fatores como sejam o temperamento imaginativo ou emocional do indivíduo, seus recalques, mormente os de natureza sexual, perturbações fisiológicas momentâneas etc.. 

Os dormentes nesses sonhos somente vêem quadros formados em sua própria-mente sub-conscientes, porque tais sonhos são únicamente autoprodutos mentais inferiores. 

Finalmente, o que os define e caracteriza, além de seu aspecto confuso e nebuloso, é a incoerência, a falta de nitidez, de luz e colorido.
SONHOS REAIS 


Enquanto o corpo físico repousa, o Espírito passa a agir no plano espiritual, no qual terá maior ou menor liberdade de ação, segundo sua própria condição evolutiva; uns se conduzem livremente, outros ficam na dependência de terceiros, mas todos são atraidos para lugares que  lhes sejam afins ou correspondentes. 

Pois, justamente aquilo que vê, ouve ou sente; os contactos que faz, com pessoas ou coisas desses lugares ou esferas de ação é que constituem os sonhos reais que, como bem se compreende, não são mais elaborações da mente sub-consciente individual mas sim perfeitas visões, diretas e objetivas desses mundos; verdadeiros desdobramentos, exteriorizações involuntárias do Espírito. 


Os encarnados, sujeitos como são às leis que regem  o plano material, delas não se libertam senão com o desencarne e por  isso, mesmo quando exteriorizados durante o sono, as leis prevalecem mantendo os véus de obscuridade vibratória entre os dois mundos. 

Essa é a razão por que os sonhos, mesmo os reais são, normalm ente indistintos, nebulosos, de difícil recordação. Por isso também é que quando há necessidade de obviar a esse estado de coisas, fazendo com que os sonhos sejam mais facilmente recordáveis, os agentes do invisível lançam na mente do adormecido poderosas sugestões, facilmente transformáveis, ao despertar, em imagens mentais e quadros alegóricos representativos dos ensinamentos, advertências ou experiências que o dormente deve recordar. 


Costumam também conduzir o adormecido a regiões ou  instituições do Espaço proporcionando-lhe contactos e experiências  necessárias ao seu aprendizado espiritual, dos quais a recordação, pelo referido processo, sempre de alguma forma permanece. 

E se isso acontece em relação aos Espíritos bons também sucede com os maus que, valendo-se da lei das afinidades vibratórias, apoderam-se dos dormentes e os carregam para seus antros, inoculando-lhes ou alimentando em suas mentes desprotegidas, idéias ou tendências maléficas. 

Os médiuns, pois, que se guardem dessas infelizes possibilidades, purificando-se em corpo e espírito para que sua tonalidade vibratória se eleve e orando e vigiando como o Divino Mestre recomendou.   


Conforme, porém, seu desenvolvimento espiritual pode o Espirito, assim desdobrado, viajar em várias regiões etéreas, vê-las e compreendê-las; instruir-se; penetrar acontecimentos passados ou futuros, do setor dos chamados sonhos simbólicos ou proféticos. 

Nesse mundo diferente, no qual ingressamos diariamente, muita coisa está à nossa disposição, como auxílio ao nosso esforço evolutivo: material de estudo, elementos de investigação, contatos reparadores, conselhos e instruções de amigos desencarnados ou não e de instrutores espirituais. 

A luminosidade, a nitidez, a clareza, a lógica e o  colorido, eis as características inconfundíveis desses sonhos reais, únicos verdadeiros. 

O que é necessário é que tenhamos durante esses sonhos relativa consciência do que se passa e isso só podemos, normalmente conseguir, por meio de continuados exercícios de auto-sugestionamento e disciplinamento da vontade, que devem ser feitos diária-mente,antes de adormecer e em prévio entendimento com o guia espiritual. 

Poucos são os que ao despertar se recordam dessa vida esquisita que viveram durante o sono. 

Em geral só nos recordamos do último sonho, o que antecedeu o despertar e esse mesmo é logo varrido da memória com a interferência brutal dos acontecimentos materiais imediatos. 

No livro “Os Mensageiros” Capítulo 37º — André Luiz, referindo-se aos encontros que se dão durante o sono, acrescenta: 


“Estas ocorrências nos círculos da crosta dão-se aos milhares, todas as noites. Com a maioria de irmãos encarnados o sonho  apenas reflete perturbações fisiológicas ou sentimentais a que se entregam; entretanto existe grande número de pessoas que com mais ou menos precisão estão aptas a desenvolver este intercambio espiritual”. 


Vivemos atualmente na carne com perda de mais de um terço de nossa vida consciente, que escapa assim ao nosso controle, nas brumas e no esquecimento do sono. 

O problema está, pois, em obtermos aos poucos esse  domínio, vivendo conscientemente, tateio de dia como de noite, na vigília como no sono, — para que a luz da verdade triunfe das sombras da morte,  e para que a vida realmente seja eterna. 


* * * 

Estas faculdades de lucidez, tão belas e tão úteis, abrem ao médium educado e consciente um mundo extraordinário de conhecimentos e revelações espirituais. Transformam o homem em um ser diferente, visto que possui o poder de, mesmo quando encarnado, viver nos dois mundos. 

Rasgam-se para ele ilimitados horizontes que abarcam muito do universo e lhe permitirão compreender muitas das grandezas da criação divina. 


Mas é preciso educação e desenvolvimento metódico e progressivo, o que só se torna possível quando o Espírito está em condições de mérito próprio, quando é digno e pode merecer a colaboração preciosa e indispensável de assistentes espirituais competentes. 

Muitos processos são usados para esse desenvolvimento, sendo os mais comuns, para a vidência por exemplo, os do grupo da cristalovidência, isto é: a fixação de superfícies lisas e brilhantes como sejam bolas de vidro, garrafas ou copos contendo água, espelhos, lentes, objetos de metal polido, poças de água, borrões de tinta e a própria unha convenientemente polida. 


Mas nenhum processo material ou artificial dará resultado se, do ponto de vista moral, ou segundo as necessidades de sua própria evolução, o individuo não for digno. 

As superfícies brilhantes provocam uma auto-hipnotização que nada resolve em definitivo, porque se os assistentes invisíveis nada projetarem sobre tais superfícies nada poderá ser visto; costumam todavia os guias aconselhar às vezes tais processos com o intuito de obrigar o estudante e fazer exercícios de concentração, familiarizando-se com a disciplina mental. 

Costumam também agir diretamente sobre os médiuns em desenvolvimento, aumentando-lhes as vibrações da glândula Pineal e projetando-lhes durante o sono ou no semi-sono, quadros simbólicos no campo da visão. Valem-se também do ambiente formado nas sessões espíritas bem conduzidas para produzir tais fenômenos, por terem nessas ocasiões, a seu dispor, cargas poderosas de fluidos apropriados às formações ideoplásticas. 

Mas, repito, para o desenvolvimento dessas faculdades a condição essencial é a reforma individual do médium com a purificação de seus pensamentos e atos, porque disso decorrerá a elevação de sua vibração perispiritual a um nível compatível com a produção de tais fenômenos.


 Livro: Mediunidade
Autor: Edgard Armond
 Paz a todos...


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