21.2.14

Mediunidade: Verificações Iniciais

 

Quando nos defrontamos com um médium, a primeira coisa a saber é, pois, se sua mediunidade é natural ou de prova; se é uma faculdade adquirida por auto educação espiritual — caso em que pode ser considerado um iniciado, como se costuma dizer —ou se é uma outorga, pedida ou recebida para esta encarnação. 

Como os médiuns da primeira categoria são muito raros e não necessitam de assistência ou conselho, é bem de ver que comumente e em absoluta maioria, prevalecem os da segunda; e por isso a estes unicamente aqui nos referimos. 

Para uma primeira e superficial verificação este é um ponto pacífico e óbvio de selecionamento. Em seguida devemos submeter o médium a um exame de caráter espiritual, que tanto pode ser feito em presença como à distância, e nesse exame se vai verificar o estado em que se encontra o campo espiritual. 

Hoje em dia o número de perturbados é imenso com tendência a crescer e não se erra muito ao dizer que 90 por cento das perturbações são de fundo espiritual, 10 por cento representando mediunidade a desenvolver. (29) 
(29) Na Federação Espírita do Estado, há muitos anos procedemos a esses exames e verificamos que é muito alto o número de perturbados em relação ao de médiuns amadurecidos. Basta citar o ano de 1949 durante o qual foram examinados 9.600 perturbados, havendo somente 288 casos em que se tratava de mediunidade a desenvolver. Convém, porém, esclarecer que na maioria das perturbações há sempre um fundo mediúnico e que, passado o período de cura espiritual a que devem ser todos eles submetidos, deve-se fazer novo exame para ver se há realmente mediunidade a desenvolver.
Em sentido geral, nestes casos de perturbações, a aura individual se apresenta escurecida, manchada num ou noutro ponto, com sua vibração alterada e sua coloração muito instável, e quando as perturbações, por muito antigas ou por muito violentas, já atingiram o organismo físico reflexivamente, neste se notam, como se se tratasse de uma projeção topográfica, as mesmas manchas e as mesmas alterações vibratórias. 

Nos casos de interferência direta e pessoal de obsessores o exame os revela imediatamente, ficando assim o problema de fácil definição. 

Em geral as perturbações psíquicas, como é natural, são apresentadas por indivíduos de certa sensibilidade própria e em muitos casos são já, de início, um sinal de mediunidade. 

Quando a faculdade realmente existe e está em condições de eclodir, o campo espiritual assume aspectos característicos como sejam: maior sensibilidade perispiritual a influências exteriores: aquele que examina o candidato, p. ex. lança um raio fluídico e observa a rapidez da reação; maior velocidade vibratória dos plexos e gânglios do vago simpático, com manifesta evidenciação da pineal; maior intensidade e fixidez dos coloridos áuricos; diferente comportamento do sistema nervoso cérebro-espinhal, que reage então mais diretamente às impulsões que recebe desta referida glândula.

Em suma, por esse exame preliminar pode-se verificar se se trata de mediunidade em ponto de desenvolvimento ou de simples perturbação espiritual, que requer tratamento adequado. Convém aqui repetir sem mais demora que há grande número de perturbados que se apresentam em sessões de desenvolvimento mediúnico e que não obtém os resultados esperados. 

Sucede que nestes casos há somente perturbações e não mediunidade. Essas perturbações muitas vezes provocam tais superexcitações dos sentidos ou da mente, que o perturbado pode ver e ouvir além do mundo físico, ou perder o controle próprio e falar como se estivesse mediunizado. Porém, como não há mediunidade a desenvolver o fenômeno é passageiro e, mesmo frequentando sessões apropriadas, nenhum resultado advém que possa ser considerado como desenvolvimento mediúnico, salvo, é claro, os benefícios que receba pelo lado da cura. Repetimos ainda: é muito maior o número de perturbados que necessitam de cura e de auto-evangelização, que o de 
médiuns necessitados de desenvolvimento. 

* * * 

Realizado, pois, esse exame preliminar, e se for constatada a existência de mediunidade, deve-se em seguida submeter o médium às provas necessárias para a classificação da faculdade ou faculdades que porventura possua, na forma exposta no capítulo 8º deste livro. 

Neste particular convém dizer que é muito comum apresentarem os médiuns, ao mesmo tempo, evidências mais ou menos acentuadas de diferentes faculdades, sendo então necessário verificar qual a que pode ser dada como predominante. Essa verificação, aliás, nem sempre recebe confirmação na prática porque, no decorrer do próprio desenvolvimento surgem mutações, e a faculdade que a princípio parecia predominante passa a secundária ou simplesmente complementar definindo-se, por fim, como principal uma que, de princípio, parecia secundária, ou mesmo outra não constatada de início. 

Essas alterações têm duas explicações, sendo a primeira a seguinte: segundo a tarefa que pediu ou recebeu antes de encarnar, ao indivíduo, nestes casos, foram atribuídas algumas faculdades das quais teria necessidade em determinadas épocas ou circunstâncias; e segundo uma determinada ordem de urgência deveria desenvolver esta ou aquela em primeiro lugar; porém, por circunstâncias de momento, de meio ambiente, de estado físico ou de condições morais, o quadro de sua colaboração individual é modificado pelos Guias e providenciada a alteração. 

A segunda explicação é a seguinte: o médium, por qualquer circunstância, recalcitrou e não iniciou o desenvolvimento de determinada faculdade no devido tempo; criou assim recalques ou degenerações que impedem o exercício normal da faculdade em causa; resta entretanto a possibilidade da utilização de faculdades auxiliares ou secundárias, que são postas então em funcionamento ativo, como auxílio do Alto, para que o médium não fracasse de todo. 

Mas, de qualquer forma, por esse primeiro exame, poderíamos desde logo sugerir qual o sistema de desenvolvimento a empregar em cada caso, pois que tais sistemas não são “standard”. Assim, para efeitos físicos o processo será diferente do empregado para a incorporação, como também diferente para os casos de lucidez, e assim por diante.

Livro: Mediunidade
Autor: Edgard Armond

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