12.2.14

Pré Mediunismo


O pré-mediunismo, como acabamos de ver, é o período que antecede à eclosão da faculdade, e vamos tratar agora do assunto na forma por que deve ele ser encarado pelo próprio médium, tendo em vista o que se passa com ele mesmo e a atitude que deve tomar desde início. 

O candidato ao mediunismo, como já temos dito, é sempre um indivíduo sensível; o “tipo mediúnico” e sempre um emotivo. Os investigadores de fenômenos espirituais têm adotado como clássico o termo “sensitivo” para a designação de médiuns, justamente porque a sensibilidade é sempre o prenúncio ou a característica básica da posse de faculdades psíquicas. 

Esses sensitivos, na maioria dos casos, são homens diferentes dos demais, mesmo no período pré-mediúnico, pois encaram e sentem as coisas de forma diferente e são pasto de perturbações inúmeras, nem sempre classificáveis ou compreendidas pela ciência médica. 

Quando, em qualquer indivíduo, surgirem tais perturbações, e não tendo dado resultado os tratamentos médicos comuns — o que sugere não ser um caso material — deve o interessado procurar um centro espírita idôneo e solicitar uma consulta espiritual. 

Esse exame é feito em presença ou à distância e nele o panorama psíquico do consulente é investigado pelo encarregado espiritual do trabalho, em ligação com o protetor pessoal do consulente. 

Se se tratar de um mal puramente físico e nada houver no campo espiritual, deve o doente, como é natural, recorrer à medicina oficial, pois há muitas perturbações, mesmo mentais, que têm base em males puramente orgânicos, como sífilis, exaustões físicas, anemias, viciamentos, etc., além do grande contingente trazido pela hereditariedade ou atavismo. 

Nestes casos, e sendo o mal duradouro ou incurável, se concebe que se trata de resgates cármicos ou imperfeições do espírito refletidas no corpo físico, o que aliás é regra geral. 

Se o resultado, porém, acusar influenciação espiritual, interferência de Espíritos desencarnados, quadro este que pode variar desde os simples “encostos” até às formas mais graves de obsessões, então é necessário recorrer ao tratamento espiritual: preces, passes, freqüência a sessões apropriadas e às vezes mesmo, quando há permissão, ação direta para afastamento das interferências. 

As perturbações sofridas pelo doente podem ter duas causas: uma intrínseca, que decorre de suas próprias imperfeições, como já dissemos e que se refletem na aura individual, com tonalidades inferiores (vermelhas, cinzentas, negras) e vibrações desordenadas e lentas; outra extrínseca, por interferências de Espíritos familiares ou obsessores. 

Em todos os casos, o que permite e possibilita as interferências é sempre a afinidade fluídica ou moral entre o encarnado e o desencarnado. 

A regra geral é que quanto mais violenta e escura a tonalidade da aura e mais desarmônica e lenta a vibração que apresenta, mais intenso é o grau da perturbação. 

Se o resultado do exame porém for — mediunidade — então deve o consulente compreender que tem pela frente um longo caminho e uma árdua tarefa a realizar, que não depende tanto do auxílio externo como de sua própria ação, deliberada e firme, no sentido de concorrer para que o indispensável desenvolvimento de faculdades se processe nas melhores condições possíveis, tanto morais como técnicas. 

No exame feito para a verificação da mediunidade, a regra é que todo sensitivo apresenta sinais especiais e característicos no sistema nervoso, seja em seu aspecto estrutural, nas ligações com os centros nervosos gânglios e plexos, seja na vibratilidade própria que é mais intensa e diferente da que apresenta o indivíduo comum; isto é o que lhe permite produzir as reações verificáveis pelo exame. 

Essas diferenças o sensitivo já as possui de nascença e isso a nosso ver é que leva alguns a admitir que a mediunidade é fenômeno orgânico. 

Todas estas perturbações que ocorrem no período pré-mediúnico, existem justamente para chamar a atenção do médium para a necessidade do desenvolvimento, a fim de que seja realizado em tempo oportuno e de forma adequada. 

Com esse desenvolvimento tudo cessará e o indivíduo se tornará absolutamente normal, como qualquer outro, salvo no que respeita ao exercício da própria faculdade. 

Esse exercício, porém, em nada afetará a vida normal do médium porque só se realizará em momentos próprios, oportunos, conforme as necessidades do próprio médium, e as exigências da propagação doutrinaria. 

É muito comum aparecerem em sessões de desenvolvimento indivíduos alegando que foram aconselhados a isso por dirigentes de trabalhos práticos ou mesmo por Espíritos; submetidos a exame espiritual verifica-se, no entanto, que não se trata de mediunidade a desenvolver mas simplesmente de pertubações espirituais que demandam tratamentos diferentes. Isso em parte se explica porque muitas destas perturbações produzem efeitos que podem ser confundidos com manifestações mediúnicas. 

Nestes casos, mesmo frequentando sessões apropriadas nenhum progresso fará o indivíduo no sentido do desenvolvimento; apesar de sermos todos médiuns a mediunidade não pode ser forçada; não é em todos que se apresenta amadurecida para desenvolvimento e então só restará o benefício da atenuação ou cura das perturbações. 

Por isso o exame espiritual é sempre uma providência aconselhável em todos os casos de perturbações duradouras tanto físicas como psíquicas. 

Serve não só para selecionar os casos, diagnosticando-os, como para aconselhar o tratamento a fazer, como ainda para encaminhar o médium às mesas de desenvolvimento, segundo o grau ou o aspecto que as faculdades apresentem no momento. 

Neste período pré-mediúnico sucede às vezes que o médium é responsável por perturbações que afetam, mais ou menos profundamente, o ambiente familiar. 

Temos visto casos em que crianças apresentam sintomas sérios de idiotia, paralisia, mudez, etc., e que no entanto não estão fisicamente doentes, tratando-se unicamente de interferências de forças ligadas a um tipo mediúnico anexo, pai, mãe, irmãos, etc. 

Nestes casos, submetendo-se o responsável a desenvolvimento regular, a perturbação do doente cessa e o ambiente doméstico se regulariza. 

Às vezes o responsável oculta qualquer perturbação anormal que sinta, como alucinações, visões, nervosidade excessiva, etc., seja para não alarmar a família, seja por ignorância, seja enfim com respeito a preconceitos sociais ou religiosos. 

Nestes casos as interferências, encontrando resistência no próprio interessado, se refletem nas pessoas afins, do mesmo grupo familiar forçando a mão, como se costuma dizer, fazendo pressão em todos os sentidos até que o interessado se volte para a direção necessária. 

A pergunta que decorre destes fatos é se os justos pagam então pelos pecadores. Claro que não. Sucede porém, nestes casos, que há entre eles, pais e filhos, marido e mulher, irmãos e parentes, compromissos ou interesses recíprocos, no campo espiritual, de forma que às vezes uns se sacrificam momentaneamente pelos outros, no interesse do progresso comum, mas tudo dentro de um plano anteriormente elaborado nas esferas espirituais. 

 E quando apesar de tudo, continua a recalcitrância do responsável, então a perturbação espiritual recrudesce direta ou indiretamente e pode afetar profundamente o organismo, físico ou psíquico, evoluindo para estados graves e às vezes irremediáveis. 

Por isso o sensitivo não deve vacilar, mas iniciar imediatamente o desenvolvimento necessário, único meio dentre todos os conhecidos para solucionar a situação. 

E nisso também, como em outras coisas, reside o poder irresistível de mediunidade... 

Livro: A Mediunidade
Autor: Edgard Armond

Paz a todos!

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